ㅤ ㅤㅤPara quem quer que venha a exercer tal função, a maternidade pode ser uma experiência geradora de angústias e inseguranças. Isso porque a função materna implica num responsabilizar-se pelo seu desejo.
ㅤ ㅤㅤAs tecno-maternidades e as famílias homoparentais, fenômenos da atualidade, são provas vivas disso. Além da mãe biológica, há também a doadora, a portadora, a simbólica, a adotiva. Presenciamos, hoje, diferentes formas de sustentar o desejo de ter um filho.
ㅤ ㅤㅤMãe é aquela que vem nomear as primeiras necessidades de seu bebê. É aquela que dá sentido ao seu choro, por exemplo: “isso é apenas fome”, “está com sono” ou “é preciso levá-lo ao médico”. Assim, ela faz entrar os sinais de seu filho no circuito da demanda. Introduz o filhote de homem na humanização de suas necessidades.
ㅤ ㅤㅤTodavia, é frequente que mães venham à clínica buscando elaborar a experiência que estão vivendo. Afinal de contas, não se trata somente de um bebê recém-nascido, mas de uma mãe recém-nascida e de mudanças significativas no seio familiar.
A ausência de “decodificador” e “de bula” implica que cada mulher se vê na posição de inventar, a cada momento, sua resposta materna.
ㅤ ㅤㅤVia de regra, ser mãe e ser mulher é outra questão que sempre se apresenta de alguma maneira – ainda que em diferentes graus para cada uma. Podem aparecer diversas perguntas sobre o que é ser mãe, o que é ser mulher, como ser mãe e mulher ao mesmo tempo. Ou dúvidas quanto a estar sendo uma boa mãe, recriminações, estados depressivos e até mesmo uma enorme sensação de satisfação.
ㅤ ㅤㅤA maternidade põe a mãe a se confrontar justamente com o que lhe falta, pois apesar de proteger a vida de seu bebê, que precisa ser cuidado e libidinizado por alguém, nenhuma mãe e nenhum pai tem todas as respostas.
Diante desse impossível, resta apenas para cada uma a possibilidade de inventar, de se inventar uma maneira singular de ser mãe e isso para cada um de seus filhos, pois cada um a porá à prova diferentemente enquanto mulher desejante e faltosa.
ㅤ ㅤㅤSer mãe – mulheres psicanalistas falam da maternidade é um livro organizado por Christiane Alberti e Elisa Alvarenga, com coautoria de Agnès Aflalo, Francesca Biagi-Chai, Marie-Hélène Brousse, Carole Dewambrechies-La Sagna, Dominique Laurent, Anaëlle Lebovits-Quenehen, Esthela Solano-Suárez e Rose-Paule Vinciguerra.
ㅤ ㅤㅤPreciosa sugestão de leitura àqueles que desejam uma aproximação agradável e de conteúdo com o tema sob uma perspectiva contemporânea.
Está em falta esse livro!! Queria muito! ☹️☹️
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Olá, Mariana! Parece que continua em falta. Mas você pode buscar o contato de alguma das organizadoras do livro, Elisa Alvarenga ou Christiane Alberti. Quem sabe alguma delas tenha um exemplar ou outro guardado.
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